Cr 011 - Uma despedida... ou "até logo mais"

O que seria da vida, 
não fosse a morte certa?
O que teríamos da morte, 
não fosse a vida certa?

“A coisa mais injusta sobre a vida é a maneira como ela termina. Eu acho que o verdadeiro ciclo da vida está todo de trás para frente. Nós deveríamos morrer primeiro; nos livrar logo disso. Daí viver num asilo, até ser chutado para fora de lá e estar muito novo. Ganhar um relógio de ouro e ir trabalhar. Então, nós trabalharíamos 40 anos, até ficarmos novos o bastante para poder aproveitar a aposentadoria. Aí curtiríamos tudo, beberíamos bastante álcool, faríamos festas e nos prepararíamos para a faculdade. Depois, iríamos para o colégio, teríamos várias namoradas, viraríamos crianças, não teríamos nenhuma responsabilidade, nos tornaríamos bebezinhos de colo, voltaríamos ao útero da mãe, passaríamos nossos últimos nove meses de vida flutuando... E terminaríamos tudo com um ótimo orgasmo! Não seria perfeito?” Charles Chaplin (apócrifo)

Quando contemplamos o fim de uma vida, a tomamos como algo com um fim em si mesmo. E a dor da perda de um ente querido parece maior do que a alegria que nos trouxe enquanto vivo; uma vida, mesmo que seja ela a mais simples, sempre nos deixa sorrisos mais numerosos, – e também muito mais valiosos – do que eventuais lágrimas que ora nos lembremos.

Não choremos; vamos nos despedir com alegria, com o sentimento daquele filho que abraça o pai enquanto parte em busca de seus sonhos. Tanto o pai quanto o filho sabem da necessidade de se afastarem, pois o filho necessita de buscar seu desenvolvimento.

Pode ser que demorem a se reencontrar, mas os bons momentos juntos permanecerão em nossos corações. E num futuro, mesmo que distante, a saudade será a causa de muita felicidade no momento do reencontro.

Certeira é a paz e serenidade com que ele se despede; iluminado estará pelos corações dos filhos e netos que uma existência digna lhe proporcionou.

Enquanto seus passos seguem de encontro à luz, sua vida estará abrigada pelos bons sentimentos de seus familiares e amigos.

Com a amizade e profundo respeito com o qual me permitiu estar próximo, e pela ocasião do falecimento do seu querido avô, ofereço estas em consideração à Camila e Daniela, grandes amigas.

Iguape, 28/08/2007.